metade de mim.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Bengala amiga pedaço do meu corpo
Que acolhe e dá conforto a este homem cansado
É o presente que não desejo a ninguém
Mas neste meu vai e vem você tem me ajudado.
Bengala amiga se você não existisse,
Seria muito mais triste este meu longo caminho
Te agradeço contra a minha vontade
Por que na realidade eu queria andar sozinho.
Bengala amiga onde eu canto sentado
Mas este cantor magoado ainda vai cantar de pé
A minha voz é força que vem de dentro
E apesar do sofrimento ainda não perdi a fé.
num grupo de terapia ocupacional...
*modificada/ Barrerito
terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
sábado, 5 de junho de 2010
Cecília Meireles em A arte de ser feliz |
HOUVE um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa e sentia-me completamente feliz. HOUVE um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém a minha alma ficava completamente feliz. HOUVE um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, a às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz. HOUVE um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. MAS, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. |
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
" [...]
- Elas voltaram.
- Quem?
- As formigas. Só atacam de noite, antes da madrugada. Estão todas aí de novo.
A trilha da véspera, intensa, fechada, seguia o antigo percurso da porta até o caixotinho de ossos por onde subia na mesma formação até desformigar lá dentro. Sem caminho de volta. [...]"
as FORMIGAS
in seminário dos ratos
por Lygia Fagundes Telles
- Elas voltaram.
- Quem?
- As formigas. Só atacam de noite, antes da madrugada. Estão todas aí de novo.
A trilha da véspera, intensa, fechada, seguia o antigo percurso da porta até o caixotinho de ossos por onde subia na mesma formação até desformigar lá dentro. Sem caminho de volta. [...]"
as FORMIGAS
in seminário dos ratos
por Lygia Fagundes Telles
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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